Gostava de morar na cidade. Chegar à porta principal e, depois de tirar o molho de chaves da mala, fazer rodar aquela especial!
Finalmente, a porta abre-se. Subo as escadas devagar mas não consigo evitar que soltem alguns daqueles rangidos. Trata-se de um prédio já antigo e não existe ninguém para o remodelar.
Com o molho de chaves ainda na mão, coloco na fechadura aquela mais antiga - tem um 79 gravado e os números são dignos de se serem chamados de perfeição. Rodo-a, agora, fazendo um pouco mais de força e ouço-a dar duas voltas «track, track». Entro em casa. Tudo normal. Tudo escuro. Os estores descidos, a cama desfeita, ... A chávena e o prato do pequeno almoço continuam em cima da mesa. Consigo ver , ainda, um bocadinho de café no fundo da chávena. Ah, e algumas migalhas.
Já depois de me ter livrado de tudo o que me acompanhava, atiro-me para o colchão, que está no chão, com os lençóis completamente torcidos, viro-me de barriga para cima e fico a admirar o meu tecto colorido pelo tempo. É hora de pôr os phones nos ouvidos e passar para outra dimensão.
... Eu gostava! Juro que sim.